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Aula prática: desenvolvendo as habilidades dos alunos


Além de passar toda a matéria do currículo para os alunos, também é papel da escola instigá-los, provocá-los e orientá-los rumo à capacidade de pensar criativa, original e criticamente. Nesse sentido, os livros didáticos, trabalhos e demais métodos teóricos de ensino são fundamentais, é claro, mas não podem aparecer sozinhos.

A aula prática é igualmente necessária para o ensino pleno dos estudantes. É por meio dela que os professores poderão desenvolver as habilidades da turma e instigar-lhes ainda mais, ao deixá-los colocar a mão na massa e mostrar as implicações reais que cada conteúdo adquirido possui.

Dessa maneira, os alunos terão acesso a uma educação muito mais completa, envolvente, marcante e duradoura.



1. Definindo o conceito de aula prática

De maneira geral, podemos considerar que a aula prática é aquela em que os alunos fazem uso de equipamentos e materiais, com os quais eles executam uma experiência que os levará a entender uma lei científica e seus efeitos.

A partir disso, a turma poderá relacionar os aspectos teóricos vistos anteriormente a seus novos conhecimentos práticos. Por isso, a aula prática é considerada uma metodologia de trabalho ativa.

Após ficar por dentro do conteúdo teórico, os alunos estão prontos para conferir tudo isso, literalmente, na prática. Entretanto, é fundamental entender que a aula prática vai muito além de simplesmente mostrar ou deixar que o aluno faça, por exemplo, um experimento.

Colocar a mão na massa é uma forma de alcançar o objetivo desse tipo de atividade, e não a meta em si. A aula prática busca fixar o conteúdo aprendido em sala de aula, permitindo que os estudantes aprendam a usar ativamente o conhecimento adquirido e, dessa maneira, possam estabelecer novas relações com o mundo.

Para tanto, é preciso instigar os jovens a refletir sobre o que eles estão fazendo, provocando-os a encontrar significado no que for visto na aula prática. Como e por que determinada coisa acontece? Essas são algumas das principais perguntas que devem ser respondidas.


2. Quais disciplinas são beneficiadas pela aula prática?




Ao falar em aula prática, o que vem imediatamente à cabeça dos alunos e até mesmo dos educadores? Na grande maioria dos casos, o conceito traz à mente a imagem de um laboratório científico.

Afinal, a verdade é que as aulas de ciências (seja da área como um todo, ou já separada entre biologia, física e química) são algumas das mais beneficiadas por essa metodologia ativa. Pensando nisso, a seguir, explicaremos por que isso acontece e mostraremos outras disciplinas fortemente beneficiadas pelas aulas práticas. Olha só:


Ciências




Dentro da rede pública de ensino, somente 15% dos alunos brasileiros têm acesso a um laboratório de ciências. Na rede privada, a situação é consideravelmente melhor,  a porcentagem sobe para 70%. Já nos Estados Unidos, 90% do total de alunos possuem esse recurso em sua escola.

Entretanto, é preciso considerar que, mesmo tendo conhecimento de que existem educadores dedicados que conseguem produzir um trabalho memorável com poucos recursos, ter acesso a um laboratório de ciências não garante que o professor vai utilizá-lo com eficiência.

Muitos educadores utilizam o laboratório de ciências apenas para provar que o que eles viram em sala de aula é verdadeiro, o que é um uso extremamente limitado da metodologia. Mas, mesmo feitas essas considerações, é inegável que recursos físicos melhoram muito o leque de possibilidades que um professor pode oferecer aos alunos.

O laboratório de ciências, afinal, é o lugar onde os alunos podem estabelecer relações concretas entre o que estão observando com seus próprios olhos e fazendo com suas mãos e aquilo que eles aprenderam anteriormente. Assim, novas relações são formadas, permitindo que os alunos aumentem sua visão de mundo.

Por meio de exercícios de observação, experimentação e pesquisa, os estudantes serão capazes de relacionar os conteúdos aprendidos com aquilo que eles percebem em seu cotidiano. Isso dá um caráter palpável às ciências, estimulando o olhar da turma e incentivando-a a se tornar mais questionadora.

Assim, ao longo do processo educativo dos alunos, eles se tornarão jovens mais observadores, críticos, curiosos, ou seja: pessoas que querem saber como e por que as coisas funcionam.


Geografia



Muitas vezes, pode ser difícil fazer com que os jovens alunos de geografia se interessem por informações sobre rochas, tipos de solo, vegetação, corrosão, etc. Entretanto, o conteúdo ficará muito mais envolvente e intuitivo se o professor levar os alunos para um passeio em um jardim botânico, parque ou até mesmo nos jardins da escola.

Esse tipo de atividade prática é chamado de aula de campo. O simples fato de tirar os alunos da sala e levá-los para o ar livre possui efeitos benéficos, pois a mudança de ambiente os enche de expectativa para algo novo.

Ali, o educador poderá mostrar para os estudantes tudo o que eles aprenderam na aula, dando forma ao conteúdo e incentivando-os a entender a relação de cada elemento com os demais ao seu redor.


História


Outra das disciplinas mais beneficiadas pela aula prática é a história.

Com conteúdos repletos de nomes, datas e eventos que podem parecer entediantes e até mesmo insignificantes para os alunos, uma aula de campo em um museu ou edifício histórico, por exemplo, pode ser a chave para que eles entendam a relação intrínseca do passado com o presente e suas implicações ao futuro.

Além disso, ter acesso a obras de arte, objetos, documentos e outros registros históricos permite que os alunos compreendam melhor a maneira como as pessoas vistas em sala de aula viviam. Dessa forma, eles serão capazes de contextualizar suas ideias e ações, algo fundamental dentro do ensino da história.

Outra vantagem desse tipo de aula de campo é que o educador estará incentivando os alunos a frequentar museus e outros espaços históricos, ativando sua curiosidade cultural de tal forma a gerar consequências positivas a longo prazo.


3. Quais são as vantagens para o desempenho do aluno?


De acordo com o que você leu até agora, já deu para perceber muitas vantagens da aula prática, não é? Entretanto, vamos nos aprofundar mais nas principais delas, especialmente nas que dizem respeito ao desempenho do aluno.


Pensamento crítico



As aulas práticas incentivam o aluno a não aceitar uma informação sem refletir sobre ela para, assim, percebê-la como verdadeira a partir de argumentos e comprovações. A metodologia provoca o estudante a pensar ativamente sobre o que ele está vendo e/ou fazendo e, assim, estabelecer novas e mais profundas conexões.

O pensamento crítico é uma habilidade importante ao longo de toda a vida pessoal, profissional e acadêmica. Pessoas com essa capacidade não aceitam a existência de uma verdade única, preferindo provas e argumentos. Assim, acende-se e aprofunda-se a discussão saudável e os avanços no conhecimento.


Curiosidade científica


Um dos papéis do educador é envolver o aluno com a curiosidade científica. O desenvolvimento do estudante será muito mais complexo se ele tiver um interesse próprio por aprender e descobrir cada vez mais, algo fortemente incentivado a partir do fascínio representado pelas aulas práticas e do que ali foi descoberto.

Essa curiosidade terá uma importância fundamental durante todo o processo educativo do aluno e, claro, por toda a sua vida. A característica poderá, inclusive, influenciar fortemente as escolhas profissionais do jovem, além de aumentar sua visão de mundo.

Afinal, a curiosidade científica envolve o prazer pelo conhecimento apenas pelo conhecimento, e não pela necessidade de saber um conteúdo cobrado pela escola. Além disso, a mente cientificamente aguçada tende a respeitar o meio ambiente e a vida em toda a sua diversidade, justamente por entender a relação entre cada parte.


Autonomia



A aula prática reduz o papel do professor como centro do conhecimento, algo muito benéfico para a autonomia dos alunos.

Para que isso realmente aconteça durante as atividades, é interessante que os alunos participem do planejamento para a aula prática, possam utilizar todos os materiais e equipamentos disponíveis e, depois, discutam os resultados com o educador.

Diminuição da “decoreba”

Decorar o conteúdo sem refletir sobre ele é uma “técnica” tentada por muitos alunos. Ao lado do pensamento crítico, as aulas práticas também incentivam os estudantes a absorverem o conteúdo de outra forma.

Ao planejar aulas práticas que caminham lado a lado com o conteúdo adquirido em sala de aula, o educador permite que o ensino se torne “vivo”, pois o aluno presenciará tudo aquilo que já havia aprendido nos livros.

Essa contextualização ativa faz com que a turma consiga perceber por si só como o conteúdo teórico adquirido previamente funciona e como as coisas se comportam. Assim, eles entenderão a matéria por meio da observação e da lógica, sem necessidade de recorrer à “decoreba” para se sair bem nas atividades e provas avaliativas.


Trabalho em equipe



As aulas práticas representam excelentes momentos para que a turma se integre — tanto os colegas uns com os outros, como os estudantes com o professor. Essas atividades envolvem muitos trabalhos em equipe e discussões saudáveis que incentivarão o debate, a união e a cooperatividade.


Leia também Planejamento escolar, o papel do supervisor para se obter sucesso.

Seja em laboratório ou em uma aula de campo, as escolhas e ações dos alunos passam a ter maior importância, afetando diretamente o resultado final. Isso os leva a refletir melhor sobre o que estão fazendo e em como isso influenciará o outro.


Uso educativo da tecnologia


Quem trabalha com crianças e/ou adolescentes sabe muito bem que é praticamente impossível mantê-los longe da tecnologia. Nas aulas práticas, é possível utilizar esse fascínio de maneira educativa.

A tecnologia pode ser usada para trazer mais dinamismo, organização e eficiência às aulas práticas. A partir daí, os alunos passarão a entender melhor como os equipamentos eletrônicos são capazes de oferecer muitas utilidades além do lazer e da comunicação.

Além disso, utilizar a tecnologia em aula é uma maneira de engajar e de chamar a atenção dos alunos, justamente por causa da forte conexão que eles sentem por aparelhos e recursos modernos e digitais.


Autoconfiança



Inicialmente, os alunos provavelmente se sentirão inseguros e até mesmo desconfortáveis no ambiente do laboratório científico, como se tivessem a impressão de que não pertencem a tal local.

Por isso mesmo, é muito importante que você deixe-os — e incentive-os a — manipular os equipamentos, especialmente os mais “delicados”, como microscópios e vidrarias, e também os componentes químicos, como os reagentes.

Com isso, aos poucos, eles deixarão de lado o receio de quebrar alguma coisa. Obviamente, deve-se promover o manuseio correto e cuidadoso de todos os materiais e equipamentos, mas os estudantes, ainda assim, devem se sentir à vontade com eles.

Ao trabalhar de maneira coerente com o verdadeiro conhecimento científico, os alunos se sentirão confiantes e capazes. Isso abre espaço para a exploração de ideias e o confronto de opiniões, fomentando o debate e otimizando a experiência da aula prática.

Para estender ainda mais esse ponto, é interessante que, após a primeira visita, o educador reveze entre os alunos as responsabilidades de preparar o laboratório para o início da aula e, ao final, de arrumar tudo como estava antes.



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